domingo, 7 de fevereiro de 2016

AFINAL HÁ ALTERNATIVA

Qualquer que venha a ser o desfecho da passagem da equipa de António Costa pelo governo, está desde já garantida a comprovação do embuste da política do “não há alternativa”.

Depois da renegociação (tímida e manifestamente insuficiente) do calendário dos reembolsos ao FMI (assunto que abordei há uns dias no “post” «AFINAL...») foi agora a vez da apresentação duma proposta de Orçamento que veio demonstrar a existência de alternativas às imposições de natureza imperial, venham elas de Bruxelas, de Washington ou de outro lugar.


Depois de ouvirmos até à exaustão que a UE nunca iria aceitar a proposta do Governo de António Costa e de não poucos comentadores e analistas preverem já a sua queda, eis que a «Comissão Europeia dá luz verde ao OE2016, mas com alertas» que valem o mesmo que todos os outros (passados e actuais) e que o produto final não sendo igual ao inicialmente desejado, parece ainda francamente melhor que os aprovados e aplicados durante os governos de Passos Coelho e Paulo Portas.

Ficará sempre a dúvida de saber se a negociação com Bruxelas poderia ou não ter alcançado melhores resultados, mas não sobrará nenhuma quanto à completa inversão da estratégia do “bom aluno” e à substituição da imagem de subserviência daqueles que hoje afirmam despudoradamente que «"Os portugueses não estavam à espera de um aumento de impostos"».

É claro que o aumento de impostos indirectos será sempre uma má opção, do ponto de vista da equidade fiscal, mas ninguém pode negar que o alvo principal da carga fiscal se está a deslocar das Famílias para as Empresas, e que isso resulta duma opção política e representa uma óbvia inversão da famigerada estratégia da “austeridade expansionista”, que o actual Ministro das Finanças, Mário Centeno, já classificou como um rotundo falhanço.

Como em qualquer outra proposta de orçamento, podem sempre colocar-se dúvidas sobre os objectivos fixados (como o fez recentemente o chefe da missão do FMI para Portugal, Subir Lall, para quem os «Estímulos ao consumo terão "impacto mínimo"» ou preferir outros, mas mantenho que a maior qualidade da proposta da equipa de Mário Centeno é o claro sinal de inversão da estratégia política que torna insustentável e ridícula a contestação à subida de impostos sobre um sector financeiro (bancos e fundos de investimento) habituado a ser claramente beneficiado.

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